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O número de atestados médicos emitidos nas unidades de pronto-atendimento (UPAs) de Chapecó (SC) caiu quase pela metade após a adoção de novos critérios pela prefeitura, conforme divulgação do poder público municipal. A mudança passou a valer na semana passada e restringe a emissão a casos com necessidade comprovada de afastamento.
No último dia 3, a equipe da UPA 24 horas atendeu 826 pessoas e emitiu 399 atestados (48% do total). No dia seguinte, o índice foi de 40%. E no dia 5, então com as novas regras, caiu para 23%. Pelas novas diretrizes municipais, o médico fornecerá atestados apenas aos pacientes internados em observação clínica.
Em consultas sem necessidade de afastamento laboral, o documento abrangerá apenas o período de permanência na unidade. Nos demais casos, o paciente receberá uma declaração de comparecimento.
De acordo com dados da Secretaria da Saúde do município, mais de 200 mil atestados foram emitidos nas 27 unidades municipais neste ano, sendo cerca de 140 mil apenas na UPA e no Pronto Atendimento do bairro Efapi — o maior do município. O prefeito João Rodrigues (PSD) afirmou que o objetivo é reduzir as filas de atendimento.
“Não dá para pessoas que precisam de urgência e emergência ficarem horas na fila”, disse. O secretário da Saúde, João Lenz, disse que a mudança busca “o uso mais consciente do atestado médico, para quem realmente tenha essa necessidade”. Segundo a prefeitura, no fim da tarde da última quarta-feira, a UPA registrava baixo movimento, o que foi considerado como reflexo da medida adota pela administração municipal.

Uma médica criticou o novo protocolo, afirmando que “nenhum prefeito, presidente, governador ou qualquer outro gestor pode determinar se um paciente deve ou não receber um atestado” e que a decisão cabe exclusivamente ao médico, “com empatia, acolhimento e responsabilidade”.
O prefeito compartilhou a crítica em seu perfil no Instagram. Rodrigues respondeu citando dados da distribuição de atestados por dia da semana. De acordo com ele, entre janeiro e outubro de 2025, contando toda a rede pública de saúde, foram emitidos 43.537 atestados às segundas-feiras, 39.714 às terças, 38.130 às quartas, 37.378 às quintas e 31.707 às sextas. Aos sábados, foram 7.962, e aos domingos, 7.263 — cerca de 70% menos que em dias úteis.
Prefeito de Chapecó questiona motivação política e defende critério técnico
Em resposta direta à médica, Rodrigues sugeriu que a profissional estaria “fazendo política” e que, ao contrário, o município não faz política com a saúde pública. “A gente cuida das pessoas”, disse em vídeo. Ele também afirmou que a prefeitura paga aos médicos do município uma gratificação de 40% sobre o salário e concluiu: “os maus serão retirados, os bons sempre valorizados”.
Rodrigues também negou interferência na decisão médica na rede de saúde de Chapecó. “Nós não estamos intervindo numa decisão médica. Apenas criamos um critério que é obrigação: analisar, cuidar e observar o paciente”, declarou. Segundo ele, o atestado deve ser concedido “para quem realmente precisa”.
A medida teve repercussão ampliada após o empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, divulgar um vídeo nas redes sociais elogiando a iniciativa na cidade de Chapecó. Ele afirmou que a decisão pode reduzir o número de atendimentos indevidos e priorizar quem realmente precisa de atendimento médico. Hang classificou a ação como um exemplo de gestão eficiente e questionou se outras prefeituras também deveriam adotar o mesmo modelo.
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