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O tema da redação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2025, "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira," sem dúvida alguma se caracterizou com um urgente convite, especialmente para os jovens, que são os principais agentes de transformação e os futuros idosos. O Brasil passa por uma acelerada transição demográfica, com o aumento da longevidade e a queda da taxa de natalidade, configurando um cenário de desafios e oportunidades que exige novas atitudes e políticas públicas.
Na redação do último domingo (09/11), o participante do ENEM encontrou 5 textos motivadores sobre o tema; eles apresentavam o cenário com dados demográficos, a crítica à imagem símbolo dos idosos, as perspectivas do envelhecer em sínteses da Rita Lee e Fernanda Montenegro, o estereótipo do “velho ativo”, as inspirações de Clarice Lispector sobre “o ser velha de Dona Maria Rita” e a crítica da desigualdade do envelhecimento no Brasil. Seguindo as proposições do enunciado, caberia a escrita em até 30 linhas, de uma proposta de intervenção coerente, coesa e com argumentos e fatos de defesa do ponto de vista proposto.
Inicialmente, cabe registrar que debater o envelhecimento não é apenas um exercício acadêmico, mas um planejamento de futuro. É essencial romper com o etarismo (preconceito contra a idade) e o estereótipo do idoso inativo ou incapaz. O envelhecimento é um destino comum para todos nós e a forma como a sociedade trata seus idosos hoje reflete o tipo de sociedade que os jovens herdarão e experimentarão.
Dentre caminhos interessantes de intervenção para a escrita, algumas perspectivas relevantes ao debate:
- O "Fardo do Cuidado": Reconhecer que o cuidado com os idosos fragilizados recai desproporcionalmente sobre as mulheres e que a família moderna, frequentemente nuclear, enfrenta dificuldades e sobrecarga para atender a essa demanda. Aqui, sem dúvida o olhar para a sobrecarga física e psicológica dos cuidadores familiares exige ações como a criação de Redes de Apoio ao Cuidador, com ações e apoio multidisciplinar que deve envolver o poder público e o terceiro setor.
- A Crise Econômica: Entender o impacto do envelhecimento na Previdência Social. Com menos jovens contribuindo e mais idosos aposentados, o déficit no INSS aumenta, desafiando a sustentabilidade das contas públicas e o equilíbrio do sistema. Sem dúvida, o Brasil não fez a “tarefa de casa”, pois o uso desenfreado do dinheiro público e a nítida ausência de práticas sustentáveis de arrecadação e gestão, demonstram a urgência desta área.
- Cidadania Digital e Inclusão: A cidadania digital para idosos é vital para garantir o acesso a serviços, informações e combater o isolamento social, nesta perspectiva ações como programas nacionais de Letramento Digital para a Terceira Idade, são fundamentais seja via políticas públicas, bem como em ações via terceiro setor.
- O Idoso Produtivo: É necessário reconhecer e integrar o idoso produtivo, valorizando sua sabedoria e experiência como capital social e econômico. A discriminação etária no mercado de trabalho é um desafio que precisa ser rompido com a iniciativas intergeracionais no trabalho, bem como iniciativas fiscais de contratação do profissional “sênior”. Sem dúvida, sabedoria e experiência podem contribuir muito em diferentes espaços do mercado de trabalho.
O envelhecimento é um fenômeno complexo, que se cruza com desigualdades históricas, é fundamental que as políticas de intervenção sejam abrangentes, garantindo que o direito a um envelhecimento com dignidade seja universal. Mas, também cabe a cada um de nós a reflexão contínua sobre o envelhecer, não só como algo que atinge o outro, mas sim como um destino comum para todos nós. Envelhecer é o retrato do sentir, do acolher, do desenvolver...se estamos envelhecendo, excelente, pois estamos realmente experimentando a incrível jornada do viver!
E você, como está se preparando para envelhecer?