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Dois ministros da gestão de Gustavo Petro, presidente da Colômbia, contradisseram nesta quinta-feira (13) uma afirmação do próprio mandatário de que Bogotá cortaria a cooperação em inteligência com os Estados Unidos devido à operação militar que Washington está realizando contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico.
Na terça-feira (11), Petro fez o anúncio no X. “Todos os níveis de inteligência das forças públicas receberam ordens para suspender todas as comunicações e demais interações com as agências de segurança dos EUA. Essa medida permanecerá em vigor enquanto os ataques com mísseis contra embarcações no Caribe continuarem. A luta contra as drogas deve ser subordinada aos direitos humanos do povo caribenho”, escreveu o presidente.
Porém, nesta quinta-feira, Pedro Arnulfo Sanchez, ministro da Defesa, e Armando Benedetti, titular da pasta do Interior, afirmaram na mesma rede social que a cooperação com os Estados Unidos continua.
“O presidente Gustavo Petro deu instruções claras para manter, como tem sido feito, um fluxo contínuo de informações com as agências internacionais para combater o tráfico de drogas, garantindo sempre o respeito aos direitos humanos e a estrita observância dos protocolos dos acordos de entendimento e tratados internacionais”, disse Sanchez.
Já Benedetti alegou que “houve uma interpretação equivocada por parte da imprensa colombiana e de alguns altos funcionários do governo”.
“O presidente Gustavo Petro jamais afirmou que as agências americanas de controle, FBI, DEA [Administração de Repressão às Drogas, na sigla em inglês] e HSI [Setor de Investigação do Departamento de Segurança Interna], deixariam de atuar na Colômbia em conjunto com nossas agências de inteligência, Dipol [Diretoria de Inteligência Policial], Dijin [Direção de Investigação Criminal e Interpol] e CTI [Corpo Técnico de Investigação]. Continuaremos trabalhando com os Estados Unidos, como este governo tem feito, no combate ao narcotráfico e ao crime”, disse o ministro do Interior.
Em outubro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu toda a ajuda financeira à Colômbia após Petro questionar a operação americana e o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções econômicas ao presidente colombiano, à esposa dele, Veronica del Socorro Alcocer Garcia, ao filho mais velho dele e a Benedetti.
A pasta do governo Trump alegou que tomou a medida porque Petro permitiu que os cartéis de drogas “florescessem” e “se recusou a parar suas atividades”.
Em setembro, o Departamento de Estado americano já havia cancelado o visto de Petro após este ter participado de um protesto pró-Palestina em Nova York no qual “instou os soldados americanos a desobedecerem a ordens e incitarem à violência”, segundo a pasta da gestão Trump.


