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O clássico No Calor da Noite é uma obra fundamental não apenas do cinema policial, mas da própria história cultural norte-americana. O filme lançado em 1967, dirigido por Norman Jewison e protagonizado pelo icônico Sidney Poitier, provoca impacto ainda hoje pelo retrato explícito do racismo institucionalizado no sul dos Estados Unidos.
A trama, agora disponível no Prime Video, coloca o detetive negro Virgil Tibbs (Sidney Poitier), da Filadélfia, em uma posição inesperada. Tibbs é preso ao chegar à pequena cidade de Sparta, no Mississippi, como suspeito de ter assassinado um homem branco rico.
À medida que prova que é um investigador de prestígio, Tibbs é convidado a cooperar, mesmo que sob desconfiança, com o chefe da polícia local, Bill Gillespie (Rod Steiger), que mantém uma postura ambígua com o novo parceiro na busca pelo autor do crime.
Essa situação extrema, um homem negro interrogando e colaborando com autoridades brancas, foi e continua sendo chocante em sua representação. O filme explora essa tensão, exibindo preconceitos explícitos, intimidações raciais e um sistema que presume a superioridade branca.
Um dos momentos mais simbólicos do filme é a cena em que Tibbs é agredido com um tapa pelo fazendeiro Endicott. E responde com outro tapa, momento que ficou conhecido como "o tapa que ecoou pelo mundo". A reação firme sinalizou não só a força do personagem, mas uma ruptura simbólica. Até então, um personagem negro nunca rebatia fisicamente um branco em um grande filme de Hollywood.

Poitier, já consagrado, assume em No Calor da Noite um personagem longe dos estereótipos. Virgil Tibbs carrega dignidade, inteligência e resistência. Sua frase-marca, “They call me Mister Tibbs!” (“Me chamam de Senhor Tibbs!”), foi incluída pela American Film Institute entre as 100 melhores citações do cinema americano.
Culturalmente, o filme representou um divisor de águas. Na época de sua estreia, em 1967, os EUA estavam em plena turbulência racial. Ainda assim, poucas obras de Hollywood encaravam o problema com tanta clareza.
A produção foi um sucesso de crítica e de público. Com orçamento modesto, faturou cerca de US$ 24 milhões nos EUA e Canadá. Recebeu sete indicações ao Oscar e venceu cinco categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. Em 2002, foi selecionado para preservação pelo Library of Congress por sua “significância cultural, histórica ou estética”.
No Calor da Noite não é apenas um clássico do cinema. É um filme que, ao misturar investigação criminal e drama racial, termina por expor verdades desconfortáveis e, ao mesmo tempo, críticas transformadoras. É uma obra essencial tanto para o cinéfilo quanto o espectador que busca algo além da diversão, um filme que desafia e provoca reflexão.
- No Calor da Noite
- 1967
- 109 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível no Prime Video
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