Conservadores e feministas falam em verdades distintas; só os frutos mostram qual é real. A verdade bíblica revela o erro por trás do aborto. (Foto: Marie Despeyroux/Unsplash)

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É isso mesmo, caríssimo leitor: hoje vamos provar que as feministas dizem a verdade e os conservadores também. E aqui está a razão pela qual ninguém está convencendo ninguém nesses debates. Os dois lados estão dizendo a verdade, e a única chance de mudar esta situação seria adotarmos uma solução bíblica, costumeiramente utilizada nos Estados Unidos.

Quem teve a oportunidade de acompanhar a sessão da Câmara dos Deputados no último dia 5, sobre o PDL 03/2025, assistiu a discussões acaloradas acerca da famosa Resolução do Conanda que, entre outras coisas, estipula que crianças podem abortar sem o consentimento dos pais e em qualquer idade gestacional.

De um lado, vimos parlamentares da bancada conservadora fundamentando seus votos na inviolabilidade do direito à vida, na importância de se respeitar a autoridade dos pais e na proteção das crianças, que não podem carregar o peso de uma decisão tão dolorosa quanto a de abortar um filho.

Do outro lado, valendo-se de curtas frases de efeito, como “criança não é mãe” e “estuprador não é pai”, a ala progressista defendia com unhas e dentes a Resolução, baseando-se no “direito” ao aborto, na “proteção” da menor e no direito à saúde, entre outros argumentos.

Mas não é só no Parlamento. Quem tem algum conhecido que defende essas causas progressistas ou mesmo quem tem um filho adolescente que está enveredando por esse caminho sabe o quanto é difícil conversar e debater com eles sobre esses assuntos. Eles são irredutíveis em suas opiniões, e a razão disso é que, na cabeça dessas pessoas, elas estão seguindo a verdade — e nós, desse lado de cá, sabemos que também estamos.

Pode parecer loucura, mas o grande problema é esse: embora sejam opiniões totalmente incompatíveis, ambos os lados estão seguindo uma verdade. Isso ocorre porque o próprio conceito de verdade muda entre os conservadores e os chamados “progressistas”.

Geralmente, para o conservador, a verdade é uma adequação do pensamento ao objeto, algo absoluto e imutável. Uma cadeira é uma cadeira, e ponto final. Faltar com a verdade ou ser incoerente é errado, e um aborto, invariavelmente, é matar uma vida inocente. Um debate entre pessoas que pensam dessa forma é pautado pela busca de uma verdade objetiva, obtida por meio da ponderação das premissas lógicas que antecedem uma conclusão.

Já para as feministas, a verdade está condicionada a uma espécie de processo de adequação prática entre o sujeito e o objeto — o que, trocando em miúdos, significa que a verdade feminista varia com o tempo e com a necessidade do movimento. Se algo serve ao propósito do feminismo, consideram verdade; se não, é mentira. De acordo com o contexto, as conclusões se diversificam, tudo em busca da finalidade última do movimento.

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Um exemplo claro dessa fluidez da verdade feminista pode ser notado no fato de que, até bem pouco tempo atrás, para tentar suavizar o verdadeiro sentido do assassinato intrauterino, o movimento passou a denominar o aborto de “interrupção voluntária da gravidez”.

Hoje, entretanto, como o intuito passou a ser o de causar a morte de crianças com mais de 22 semanas, já não lhes interessa essa expressão, pois a antecipação do parto dessas crianças periviáveis também é uma espécie de interrupção voluntária da gestação. Assim, como a intenção agora é matar o bebê, referir-se ao aborto como “interrupção da gravidez” não tem mais utilidade para o movimento e, portanto, não é mais uma verdade a ser sustentada. Por isso, de uns tempos pra cá, elas passaram a se referir diretamente ao “aborto”.

Sabemos que, para nós, é difícil aceitar isso, mas é assim que o raciocínio progressista funciona. Não adianta discutirmos: expomos os argumentos de nossa verdade, e eles se defendem com os deles. Desse modo, acreditamos que, por meio do debate, é muito difícil chegar a um consenso, pois a discussão não está baseada nos mesmos fundamentos. Os atores e as ideias não estão no mesmo palco.

A solução, entretanto, é antiga e está descrita nos Evangelhos. Diante de um impasse desse porte, em que aparentemente estamos diante de duas verdades, basta olharmos seus resultados para constatarmos o caminho correto: “Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos” (Mt 7,18).

Está duvidando da verdade sustentada pelos conservadores? Olhe as crianças salvas do aborto: veja a beleza de seus sorrisos, a alegria de suas mães e das famílias em que vivem e a felicidade que ali reina.

Está acreditando na verdade sustentada pelos abortistas? Assista a imagens de um abortamento — as crianças retiradas aos pedaços ou completamente carbonizadas pela assistolia fetal

Só assim poderemos convencer essas pessoas do quanto o aborto é abominável. Aliás, essa técnica já vem sendo utilizada há algum tempo na Marcha pela Vida, em Washington, D.C. Durante o evento, imagens de abortos reais são exibidas em vários telões, e os incontáveis argumentos abortistas, ou seus chavões repetitivos, imediatamente se silenciam.

A realidade do ver se impõe sobre o querer.