Prefeito Eduardo Pimentel apresenta o programa Curitiba de Volta ao Centro, que prevê R$ 163 milhões em incentivos para revitalizar o coração da cidade.
Isenção de impostos é estratégia para atrair investidores de volta ao centro de Curitiba. (Foto: José Fernando Ogura/Prefeitura de Curitiba)

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A Prefeitura de Curitiba lançou nesta segunda-feira (10) o programa "Curitiba de Volta ao Centro", um pacote de incentivos fiscais, construtivos e econômicos voltado à revitalização da região central. A iniciativa prevê R$ 163 milhões em investimentos até 2032, somando R$ 133 milhões em isenções tributárias e R$ 30 milhões em subvenções diretas para obras de requalificação urbana. O foco principal está no retrofit — processo de modernização e reaproveitamento de edifícios existentes, que atualiza estruturas antigas sem descaracterizar sua arquitetura original — e no restauro de imóveis históricos e comerciais.

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Segundo o prefeito Eduardo Pimentel, o projeto é o mais abrangente já implementado para reocupar o centro da cidade. “Será a maior transformação da história do centro. Vamos reduzir e até zerar impostos, dar descontos e custear até metade das obras de retrofit”, afirmou.

As medidas incluem isenção de IPTU, ITBI e ISS, remissão de débitos antigos, e custos compartilhados entre poder público e iniciativa privada. “A Prefeitura faz sua parte, agora queremos que os empreendedores façam a deles”, disse Pimentel. O projeto foi encaminhado à Câmara Municipal e deve começar a valer em 2026, após regulamentação via decreto.

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Curitiba deve incentivar o retrofit, habitação e novos negócios no centro

O programa "Curitiba de Volta ao Centro" busca requalificar o espaço urbano e estimular a volta da população para a região central, que concentra boa parte do patrimônio histórico da cidade. A proposta abrange o centro, o centro histórico, o São Francisco e o entorno da Rodoferroviária, classificados como Setor Especial da Região Central (Serc).

De acordo com Vitor Puppi, secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento, os incentivos serão distribuídos entre diferentes tributos municipais. “Haverá isenção de até 100% do IPTU para imóveis em obras de retrofit e restauro até 2028, além de redução de 50% do imposto após a conclusão das reformas”, explicou. O ISS fixo também será zerado para profissionais autônomos que atuarem no centro, e o ITBI terá alíquotas reduzidas para imóveis de habitação de interesse social.

O secretário detalhou ainda a política de subvenção econômica, que custeará até 50% do valor das obras de retrofit aprovadas em editais da empresa pública Pars S.A., responsável pelas parcerias público-privadas do município. “Cada real investido pela Prefeitura pode atrair até três da iniciativa privada”, afirmou Puppi.

Além dos benefícios tributários, a Prefeitura vai flexibilizar parâmetros urbanísticos para permitir maior aproveitamento de imóveis existentes, incentivar o uso misto do solo e ampliar áreas destinadas à habitação e hotelaria.

Incentivos fiscais e investimentos vão estimular retrofit, moradia e novos negócios na região central de Curitiba.Incentivos fiscais e investimentos vão estimular negócios na região central de Curitiba. (Foto: José Fernando Ogura/Prefeitura de Curitiba)

Planejamento urbano até 2050 e parceria com o setor privado

A presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ana Zornig Jayme, destacou que o programa se insere em uma estratégia de longo prazo, com horizonte até 2050. Segundo ela, o objetivo é transformar o centro em um espaço mais habitável, seguro, iluminado e sustentável, fortalecendo a economia criativa e o turismo.

“O centro concentra a memória e o patrimônio da cidade. Nosso propósito é devolver vitalidade a esses espaços, promover o retrofit de imóveis históricos e fomentar novas atividades econômicas, como gastronomia, cultura, moda e design”, afirmou Jayme.

A proposta do Ippuc prevê também transferência de potencial construtivo para estimular o restauro de imóveis de interesse para preservação. “Queremos mostrar que ter um imóvel histórico não é uma penalidade, mas um ativo de valor para a cidade”, completou.

O vice-prefeito Paulo Martins reforçou que o pacote representa uma virada de página. “Curitiba de Volta ao Centro não é um slogan, é uma ação real. Os recursos públicos vão gerar confiança e atrair muito mais investimentos privados. O centro vai voltar a brilhar para os curitibanos”, afirmou.

O presidente da Câmara Municipal, Tico Kuzma, garantiu apoio à aprovação do projeto. “O centro é o coração da cidade. Cuidar do coração é cuidar dos nossos bairros. Os vereadores estão comprometidos em votar esse projeto com rapidez”, disse.

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Impacto econômico e visão do setor produtivo

Para o setor comercial, o programa representa uma oportunidade de retomada. O presidente eleito da Associação Comercial do Paraná (ACP), Paulo Mourão, avalia que a medida deve gerar impacto positivo imediato.

“Esse projeto é muito importante porque vai revitalizar uma área que já respondeu por mais de 50% do comércio curitibano. O centro reúne prédios históricos, bares e restaurantes tradicionais e pode voltar a ser um polo turístico e de negócios. As pessoas estão buscando experiências — e o centro tem tudo para oferecê-las”, afirmou.

O pacote também foi elogiado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-PR), que o classificou como um marco histórico. A entidade destacou que o retrofit e as isenções de impostos são as ferramentas que faltavam para transformar prédios ociosos em moradias e impulsionar a economia urbana.

Com o "Curitiba de Volta ao Centro", a administração municipal aposta na parceria entre poder público e iniciativa privada como caminho para reocupar e modernizar a região central. “Estamos devolvendo à cidade o seu coração, com estímulo à moradia, ao comércio e à cultura. É um projeto que une desenvolvimento urbano, sustentabilidade e valorização do patrimônio”, declarou o prefeito Pimentel.

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