Pesquisa da Harvard confirma a importância da comunicação na carreira

O levantamento foi realizado com 1.100 profissionais de RH/L&D em 15 países, além de 20 mil funcionários de grandes organizações globais

  • Por Reinaldo Polito
  • 13/11/2025 06h46
6 dicas para impulsionar a carreira e os negócios com networking A cada dia surgem notícias de que atividades como as de advogados, arquitetos, engenheiros e médicos deixarão de existir ou, ao menos, passarão por profundas transformações

Pesquisa da Harvard revela que, em plena era da inteligência artificial, comunicar bem segue sendo a maior vantagem.

Com as vertiginosas mudanças no mercado de trabalho, jovens iniciantes e profissionais com larga experiência compartilham uma preocupação comum: que competências precisarão desenvolver? Afinal, as habilidades necessárias hoje talvez deixem de ser exigidas amanhã. Muitas profissões irão desaparecer ou se transformar.

A cada dia surgem notícias de que atividades como as de advogados, arquitetos, engenheiros e médicos deixarão de existir ou, ao menos, passarão por profundas transformações. Independentemente do conhecimento técnico, para garantir empregabilidade ou se aventurar como empreendedor, o que é preciso saber e quais competências serão fundamentais neste processo?

Uma ampla pesquisa

A Harvard Business Publishing Corporate Learning divulgou um importante estudo em maio de 2024 mostrando que a comunicação é a competência-chave da liderança contemporânea. O levantamento foi realizado com 1.100 profissionais de RH/L&D em 15 países, além de 20 mil funcionários de grandes organizações globais. É uma pesquisa abrangente, cujos dados servem de norte para o futuro das carreiras.

Outros relatórios recentes confirmam o mesmo resultado: seja qual for a profissão que alguém venha a exercer, a comunicação permanece no topo dos atributos essenciais para o sucesso profissional.

O livro mais antigo de oratória

Como presidente da ONG Via de Acesso, que atua na capacitação e inclusão de jovens no mercado de trabalho, esse tem sido há muitos anos o nosso foco: preparar os que estão iniciando a carreira para que saibam se expressar com competência, seja falando ou escrevendo. Esse conhecimento oferece a eles uma base de sustentação sólida, qualquer que seja o caminho que escolham trilhar.

O curioso é que saber se comunicar sempre foi fundamental ao longo dos séculos. Já no século V a.C., Corax e Tísias escreveram a obra mais antiga de oratória de que se tem notícia, Techné. O livro não chegou fisicamente aos nossos dias, mas é citado por Cícero e Platão. Os cidadãos haviam sido expulsos de suas terras e, ao retornarem, precisavam provar que eram os verdadeiros proprietários. Tinham de fazer uma sustentação oral. A obra ensinava como argumentar e organizar a defesa.

A Bíblia da comunicação

No século IV a.C., foi publicado o tratado de oratória mais antigo que chegou até nós: Arte retórica, de Aristóteles. No ano 75 da nossa era, Quintiliano reuniu tudo o que já se havia escrito e produziu As instituições oratórias, em doze volumes. É considerada a Bíblia da comunicação.

Em todos esses trabalhos, a tese coincide com a da pesquisa da Harvard: a comunicação é essencial para uma carreira bem-sucedida. Entra século, sai século e as competências profissionais não sofrem tantas transformações, especialmente quando o assunto é comunicação.

As empresas não estimulavam

Há cinco décadas, quando iniciei minhas atividades como professor de oratória, as organizações não estimulavam seus colaboradores a aprender a arte de falar em público. Quando recebiam uma solicitação, quase sempre respondiam que já sabiam falar e que frequentar esse tipo de curso era perda de tempo e de dinheiro.

Hoje, uma das primeiras competências avaliadas é a comunicação. Muitas empresas investem no desenvolvimento da oratória em todo o seu quadro gerencial. Sabem que, ao se apresentar em público, quem está sendo avaliado também é a organização. Se não falarem bem, a empresa poderá ser mal representada.

Depende mais da comunicação

Além disso, à medida que os profissionais sobem na hierarquia, precisam cada vez mais da comunicação e não apenas dos conhecimentos técnicos. Por isso, incentivam seus líderes a aprimorar essa competência. É um aprendizado que jamais termina. O tempo todo é necessário adaptar-se às novas formas de se expressar.

Mesmo em tempos de inteligência artificial, algoritmos e comunicações instantâneas, continua sendo a palavra dita com clareza, emoção e propósito que distingue quem apenas fala de quem realmente lidera.

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Não importa a atividade que o profissional escolha. Em futuro breve, e mais breve do que se imagina, se houver mudança no seu trabalho, entre todas as habilidades de que precisará, a arte de se expressar bem continuará entre as mais relevantes. Siga pelo Instagram: @polito

 

 

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.