Porta-aviões se junta à operação dos EUA contra o tráfico de drogas na América Latina

A chegada dà região coincidiu com uma nova mobilização militar da Venezuela para responder a ‘ameaças imperiais’ e com a condenação da Rússia aos bombardeios de embarcações

  • Por Jovem Pan
  • 11/11/2025 14h42
Alyssa Joy/Marinha dos EUA/EFE Foto divulgada pela Marinha dos Estados Unidos mostra o porta-aviões USS Gerald R. Ford (CVN 78), o maior do mundo, navegando pelo Estreito de Gibraltar Os Estados Unidos têm enviado desde setembro navios de guerra, aviões de caça e milhares de soldados ao Caribe

O maior porta-aviões do mundo foi incorporado nesta terça-feira (11) à operação dos Estados Unidos contra o tráfico de drogas proveniente da América Latina, que a Venezuela insiste ter como objetivo a derrubada do presidente Nicolás Maduro. A chegada do USS Gerald Ford à região coincidiu com uma nova mobilização militar da Venezuela para responder a “ameaças imperiais” e com a condenação da Rússia aos bombardeios de embarcações que supostamente transportam drogas. O último ataque foi no domingo no Pacífico. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, informou sobre a morte de seis pessoas a bordo de duas embarcações. Já são 20 embarcações bombardeadas com pelo menos 76 mortos.

Os Estados Unidos têm enviado desde setembro navios de guerra, aviões de caça e milhares de soldados ao Caribe para essas operações contra o narcotráfico, supostamente procedente da Venezuela e da Colômbia. O Comando Sul das Forças Navais dos Estados Unidos afirmou em um comunicado que o USS Gerald Ford, cujo envio foi ordenado há quase três semanas, entrou em sua zona de responsabilidade, que abrange a América Latina e o Caribe.

“Reforçará a capacidade dos Estados Unidos para detectar, vigiar e desarticular os atores e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território americano e nossa segurança no hemisfério ocidental”, afirmou o porta-voz chefe do Pentágono, Sean Parnell. Os Estados Unidos ainda não apresentaram provas de que as embarcações foram utilizadas para o tráfico de drogas ou representavam uma ameaça ao país.

O canal CNN informou que o Reino Unido não compartilhará informações de inteligência com os Estados Unidos sobre embarcações suspeitas de narcotráfico para não se tornar cúmplice desses bombardeios que, segundo as fontes consultadas, são ilegais. É uma ruptura crucial entre dois importantes aliados. A Rússia – rival do Ocidente e aliado-chave de Maduro – qualificou os bombardeios como “inaceitáveis”.

“É assim que, em geral, agem os países sem lei, aqueles que se consideram acima da lei”, disse na televisão o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que classificou como “pretexto” a luta contra as drogas que os Estados Unidos alegam para justificar esses ataques.

“Mobilização massiva”

A Venezuela ativou na madrugada desta terça-feira novos exercícios militares em todo o país para responder ao que considera “ameaças imperiais” dos Estados Unidos. O Ministério da Defesa informou sobre a “mobilização massiva de meios terrestres, aéreos, navais, fluviais e de mísseis”. A televisão estatal VTV mostrou a mobilização de soldados armados com fuzis.

Esses anúncios são frequentes e amplamente divulgados pelo governo, embora não necessariamente se traduzam em operações visíveis no terreno. Maduro advertiu na segunda-feira que sua estrutura possui “força e poder” para responder aos Estados Unidos. Ele convocou o alistamento na Milícia Bolivariana, um corpo das Forças Armadas composto por civis e com uma altíssima carga ideológica.

“Se o imperialismo tentasse um golpe e causasse danos, a partir do momento em que a ordem para as operações fosse decretada, teríamos mobilização e combate por parte de todo o povo da Venezuela”, disse. A administração do presidente Donald Trump acusa Maduro de liderar um cartel de narcotráfico e autorizou inclusive operações da CIA na Venezuela.

*Com informações da AFP