(Foto: Imagem criada usando ChatGPT/ Gazeta do Povo)

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Proveniente do latim "natalis", que significa "relativo ao nascimento", o Natal é a celebração do maior presente que Deus concedeu à humanidade, a natividade de Jesus Cristo, segunda pessoa da Trindade.

Aquele que nos criou e que nos presenteou com seu Filho, permitiu que participássemos de sua obra cooperando na geração de novas vidas que, tais como Jesus, também são um presente de Deus para nós. Na concepção Cristã, ter filhos é – e sempre será – uma bênção. Aliás, não só para o Cristianismo, mas em todas as três religiões abraâmicas, ter um filho é o maior presente que se pode receber.

Entretanto, no Ocidente, estamos vivendo uma crescente repulsa à essa percepção de que ter filhos é uma dádiva. Organismos internacionais e os próprios governos dos países têm se dedicado a destruir essa verdade para incutir na mentalidade das pessoas que gerar descendentes é um estorvo, um contratempo que deve ser evitado a qualquer custo, tudo em nome de uma falsa felicidade individualista que nunca se satisfaz.

Por outro lado, além desses ataques de ordem cultural à beleza ínsita da natalidade, para piorar, em nosso país tivemos a liberação total do aborto através de três decisões monocráticas na ADPF 1141, proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Como já reiteradamente temos demonstrado aqui em nossa coluna, em 17 de maio de 2024, o STF suspendeu uma Resolução do CFM que proibia a realização de abortamentos feitos por assistolia fetal, um procedimento de tortura extremamente atroz, que é proibido para animais e, também, para os condenados à pena de morte. O resultado disso é que crianças de qualquer idade gestacional estão sendo cruelmente abortadas em nossos hospitais.

Em meados de dezembro de 2024, outras decisões monocráticas na mesma ADPF entenderam por bem proibir que os órgãos fiscalizatórios (CRMs e CFM) tenham acesso a quaisquer dados sobre os procedimentos de aborto "legal" feitos nos hospitais, fazendo com que, na prática, tenhamos legalizado o abortamento de qualquer criança, seja lá em que idade gestacional que ela estiver, independentemente do motivo.

Desde o final de 2024, então, o Brasil passou a ser o país mais permissivo em matéria de aborto do mundo inteiro e o resultado disso, agora, está comprovado pelos números.

Um levantamento realizado pelo Secretário Geral do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto, Allan Araújo, revela dados estarrecedores do resultado dessa infeliz medida judicial adotada pelo STF nos autos da ADPF 1141, que liberou totalmente o aborto em nosso país.

Através de uma ampla análise realizada na plataforma svs.aids.gov.br, no Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, tomando como base o ano de 2016 – primeiro ano de declínio nos registros de nascimentos desde 2010, quando o Brasil alcançou a taxa de natalidade de 1,73 filhos por mulher – o pesquisador elaborou uma tabela que desnuda a enorme diferença entre o número de nascidos vivos dentre os anos analisados.

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Como podemos observar, entre cada um dos anos no intervalo de 2016 a 2024, há uma variação de 2 a 5% de ano a ano no total de nascidos vivos, quando se usa como referência o ano de 2016. Por exemplo, de 2018 para 2019 há uma queda de mais ou menos 3%na natalidade, de 2022 para 2023, há um decréscimo de aproximadamente 1% e de 2023 para 2024, houve uma diminuição de um pouco menos de 5%.

Entretanto, a diferença de 2024 para 2025 cai absurdamente de 85,68% para 56,09 %. Estratosféricos 29,59 pontos percentuais a menos de um ano para o outro. Quase 30%!

Em números concretos, caso seguíssemos o maior índice de queda, que foi de 5%, teríamos 2.219.174 nascidos vivos em 2025. No entanto, tivemos apenas 1.529.331 nascimentos, o que nos mostra uma diferença de 689.843 crianças, aproximadamente 700 mil seres humanos a menos.

É importante registrar que, nesse período, não se tem notícia da realização de nenhuma política pública voltada para a conscientização das pessoas acerca da paternidade/maternidade responsável, não houve nenhuma epidemia, guerra ou uma profunda crise econômica que justificasse tamanha queda no índice de natalidade.

Mesmo que deixemos de lado o aspecto religioso e ético da questão, socialmente, a perda é irreparável, pois a força de uma nação está em seu povo

O único fator que foi alterado significativamente e que pode vir a justificar essa enorme diferença no índice de nascidos vivos, é a facilitação do abortamento de crianças promovido pelas decisões monocráticas da Suprema Corte, nos autos da ADPF 1141, que se deu exatamente em dezembro de 2024.

Com a proibição imposta aos conselhos de medicina que não podem investigar ou sequer questionar quaisquer procedimentos abortivos, estão abertas as portas para projetos de abortamento em massa que vinham sendo planejados por organizações não governamentais e que, agora, estão sendo colocados em prática.

Projetos de abortamento via telemedicina promovidos por hospitais em Minas Gerais e Recife, por exemplo, deixaram de constar apenas nos papéis e estão a pleno vapor, matando aqueles que antes eram considerados dádivas de Deus através de atendimentos virtuais, na internet, diretamente das telas de nossos celulares. Uma chamada em vídeo, encaminha-se o fármaco abortivo e fim. Simples assim.

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O assassinato de indefesos, que antes nosso ordenamento admitia apenas em casos restritos, ampliou-se a ponto de estar sendo equivocadamente equiparado a um método anticoncepcional qualquer.

Crianças mortas pela indiferença de nossos tempos, mães enganadas por uma falsa solução... Quase 700 mil presentes deixaram de ser acolhidos neste ano em nossas famílias. Uma triste rejeição ao maior presente que o ser humano pode acolher, que é ser mãe e pai de uma criança.

Mesmo que deixemos de lado o aspecto religioso e ético da questão, socialmente, a perda é irreparável, pois a força de uma nação está em seu povo. O elemento propulsor de qualquer país está em sua população e a adoção de políticas públicas que não defendem o nascimento de seus cidadãos somente tem como fim, sua extinção.

Assim, hoje, ao reunir-se com sua família, pedimos que o leitor rogue a Deus que, neste Natal, nossos ministros da Suprema Corte devolvam nossa natalidade, presente de Deus para nossa Nação.

Um santo e abençoado Natal a todos.