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A presença de árvores nas áreas urbanas há tempos deixou de ser tratada como mero elemento estético e passou a integrar a infraestrutura urbana e o conjunto de indicadores que medem a qualidade de vida nas cidades brasileiras. Estudos recentes destacam que a arborização, primordialmente, é uma prática essencial para promover, entre outros fatores, o bem-estar da população.
Na edição 2025 do Ranking das Cidades da Gazeta do Povo, seis novos indicadores estão sendo levados em conta no cálculo que indica as melhores cidades do Brasil para se morar. Um deles é a taxa de arborização urbana.
Entre os benefícios mais evidentes da arborização está a melhoria da qualidade do ar. Pesquisas apontam que árvores atuam como filtros naturais, reduzindo a concentração de poluentes atmosféricos e contribuindo para um ambiente mais saudável. Por consequência, o tráfego intenso e a atividade industrial que marcam os centros urbanos tornam essa função ainda mais relevante.
Melhores colocadas têm menos de 10,5 mil habitantes
Mas não só nessas grandes cidades. Nos pequenos centros urbanos, como é o caso das mais bem colocadas no ranking, a presença de árvores deve ser vista como algo além da paisagem. Entre as 10 primeiras colocadas, além de uma boa arborização, outro fator em comum chama a atenção: todas as cidades têm menos de 10,5 mil habitantes.
É o caso das gaúchas São Pedro das Missões, Arroio do Padre e Garruchos, que ao lado da paulista Lourdes conseguiram uma nota 9,19 em arborização em uma escala que vai de 0 a 10 e aparecem empatadas em primeiro lugar no ranking da Gazeta do Povo em relação à arborização.
Em 5º lugar aparecem empatadas as cidades de Gastão Vidigal (SP) e São José das Missões (RS), com nota 9,17. Na 7ª posição está a cidade de Tapira (PR), que obteve nota 9,15. Monções (SP) é a 8ª colocada no ranking, com 9,14. Empatadas no 9º lugar estão Carlinda (MT) e Alto Horizonte (GO), avaliadas com nota 9,13 em arborização urbana.
Veja as 10 cidades com melhor nota em arborização
| Cidade | Nota |
| São Pedro das Missões-RS | 9.19 |
| Arroio do Padre-RS | 9.19 |
| Lourdes-SP | 9.19 |
| Garruchos-RS | 9.19 |
| Gastão Vidigal-SP | 9.17 |
| São José das Missões-RS | 9.17 |
| Tapira-PR | 9.15 |
| Monções-SP | 9.14 |
| Carlinda-MT | 9.13 |
| Alto Horizonte-GO | 9.13 |
Sul e Sudeste dominam o Top 100
A análise das 100 cidades mais bem pontuadas no quesito arborização revela um domínio esmagador de dois estados das regiões Sul e Sudeste. Juntos, ele somam a maior parte das mais bem classificadas, mas o levantamento também mostra a presença de cidades de diversas outras regiões.
Os estados do Paraná e São Paulo dominam o Top 100, sendo responsáveis por 71% do total de cidades. O Paraná lidera com 38 cidades, demonstrando uma excelência na política de arborização em quase 40% das mais bem classificadas. Logo após, São Paulo segue de perto com 33 cidades, consolidando a região Sudeste como um polo de cidades com alta pontuação em arborização.
O estado do Rio Grande do Sul também se destaca com 10 cidades, somando-se ao Paraná para reforçar a forte presença da Região Sul. Ao todo, é um total de 48 cidades no ranking.
Embora a concentração seja alta no Sul e Sudeste, o restante do Top 100 se distribui por nove outros estados. Tal fato indica que boas práticas de arborização estão presentes em todas as regiões do Brasil. Ceará, com cinco cidades, e Goiás, com quatro, são os destaques fora do eixo Sul/Sudeste, seguidos por Rio Grande do Norte, com três cidades.
Meta da OMS ainda é distante
Segundo dados do IBGE, mais de 58 milhões de brasileiros vivem em ruas sem qualquer arborização, o que revela profundas desigualdades regionais e sociais. Nesse sentido, entender os benefícios da arborização urbana e seu impacto direto na vida dos cidadãos é essencial para orientar políticas públicas e escolhas individuais.
Estudos realizados em cidades como São Paulo e João Pessoa demonstram que áreas com maior cobertura vegetal apresentam concentrações significativamente menores de material particulado fino. Este é o principal responsável por problemas respiratórios graves.
Como resultado, o monitoramento ambiental realizado pela Sudema, na Paraíba, evidenciou que a presença de árvores reduz drasticamente a concentração de poluentes. Assim, elas protegem a saúde da população mesmo em regiões próximas a vias de intenso tráfego.
Além disso, a vegetação urbana contribui para a regulação da umidade do ar. Dessa forma, diminui a incidência de doenças ligadas ao clima seco e atua na prevenção de enchentes ao facilitar a infiltração da água no solo. A Organização Mundial da Saúde recomenda um mínimo de 12 metros quadrados de área verde por habitante para garantir uma qualidade ambiental adequada, meta ainda distante da realidade de muitos municípios brasileiros.
Acesse o ranking completo
Na ferramenta abaixo, você pode buscar a sua cidade pelo nome. Todos os 5.570 municípios brasileiros estão listados.
Não houve empates no levantamento. Para simplificar a leitura, a tabela mostra apenas duas casas decimais. Belém, por exemplo, teve uma nota 5,713 contra 5,707 de Palmas. Com o arredondamento, ambas aparecem com 5,71.
Como a nota foi calculada
O ranking da Gazeta do Povo considerou 27 indicadores nacionais, que são divididos em 10 categorias diferentes. Os mais relevantes ganharam peso maior no cálculo. Confira abaixo os indicadores contabilizados em suas categorias.
- Homicídios — peso 4
Taxa de Homicídios 2019-2023, ponderada (peso maior para os anos mais recentes). Fonte: IPEA – Atlas da Violência / Estatísticas de Homicídios.
2. Economia — peso 3
Vagas de empregos formais no setor privado. Fonte: CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Agosto 2025).
Salário mensal médio. Fonte: IBGE – CEMPRE 2023.
Número de empresas atuantes. Fonte: IBGE – CEMPRE 2023.
PIB per capita 2021. Fonte: IPEA.
- Moradores de rua, favelas e dependentes químicos — peso 3
Famílias em situação de rua. Fonte: Cadasteo Único(CADUNC) (Outubro de 2025).
Percentual de moradores em favelas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
- Educação — peso 2
População adulta com diploma superior. Fonte: IBGE – Censo 2022.
Taxa de alfabetização. Fonte: IBGE – Censo 2022.
Nota do IDEB - Anos Finais do Fundamental. Fonte: INEP – IDEB 2023.
Nota do IDEB - Ensino Médio. Fonte: INEP – IDEB 2023.
Vagas presenciais no ensino superior. Fonte: Censo da Educação Superior 2024.
5. Saúde — peso 2 Internações por uso de drogas (jan/2024–set/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Número de médicos (setembro/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Total de leitos de internação (setembro/2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
Mortes evitáveis de 0 a 4 anos (2025). Fonte: DATASUS/Tabnet.
6. Saúde financeira do município — peso 2
Capacidade de Pagamento do município. Fonte: Tesouro Nacional – CAPAG.
7. Infraestrutura urbana — peso 3
Porcentagem de domicílios com esgotamento sanitário. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Porcentagem de domicílios com coleta de lixo. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Arborização urbana. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Vias pavimentadas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Bueiros e bocas de lobo (%). Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Iluminação pública. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
Porcentagem de calçadas. Fonte: Censo 2022 – IBGE.
8. Mortes no Trânsito — peso 1
Mortes no trânsito por 100 mil habitantes. Fonte: DATASUS/Tabnet (2024).
9. Suicídios — peso 1
Número de suicídios. Fonte: DATASUS/Tabnet (2024)
10. Salas de cinema — peso 1
Número de salas de cinema. Fonte: ANCINE – 2025.


