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A Polícia Federal (PF) prendeu, nessa quinta-feira (13), o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, em nova fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de descontos indevidos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Stefanutto é acusado de participar do esquema de desvio de descontos em benefícios previdenciários executados ilegalmente. Os possíveis crimes, de acordo com a PF, são inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A defesa diz que a prisão é "completamente ilegal".
Bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie, Alessandro Antonio Stefanutto concluiu o ensino médio em 1990 no Colégio Naval, da Marinha do Brasil, local em que continou logo depois, como aspirante.
Stefanutto iniciou sua carreira como técnico da Receita Federal, em 1993. De lá, passou para a Advocacia-Geral da União (AGU), local em que assumiu a função de procurador federal, atuando na Procuradoria-Federal Especializada junto ao INSS. Ele é oficialmente um servidor da AGU até hoje.
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Stefanutto publicou livro com prefácio de Maria da Penha
Em 2021, Stefanutto publicou o livro "Direitos Humanos das mulheres e o sistema interamericano de proteção aos direitos humanos", fruto de seu trabalho de conclusão em uma especialização na Universidade de Lisboa. O prefácio foi escrito por Maria da Penha Fernandes, mulher cuja história inspirou a criação da Lei Maria da Penha.
Ele assumiu a presidência do INSS em julho de 2023, "com a missão de agilizar processos internos e solucionar a grande demanda pelos serviços previdenciários", segundo o próprio INSS.
Na posse, destacou o volume de repasses da autarquia: “São centenas de bilhões pagos todos os anos" e prometeu: "Em 2024 teremos um INSS mais moderno, mas, principalmente, mais humano". Seu antecessor, Glauco Wamburg, deixou uma fila de mais de 1,7 milhão de requerimentos aguardando análise. Mas Alessandro já tinha vínculo com o governo do presidente Lula (PT) desde o início: durante a transição, foi consultor para assuntos de Previdência Social. Já na presidência do INSS, foi membro titular do conselho administrativo da Dataprev.
Em janeiro de 2025, Alessandro se filiou ao PDT de Carlos Lupi. Em abril, foi afastado do cargo de presidente do INSS por decisão judicial e logo em seguida demitido por Lula. Lupi deixou o cargo de ministro um mês depois, em maio. Ele integrou o PSB, sendo também membro do conselho fiscal do think-thank do partido, a Fundação João Mangabeira.