Malafaia reage após operação da PF e se declara "voz profética".
(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Em uma entrevista exclusiva marcada por críticas ao governo Lula e ao Supremo Tribunal Federal, o pastor Silas Malafaia abordou temas como a crise de segurança pública no Rio de Janeiro, a operação nas favelas da Penha e Maré, a perseguição política a opositores e a relação de Lula com o público evangélico. Fiel ao seu estilo combativo, Malafaia defende que o Brasil vive um “tempo horroroso”, mas afirma ter esperança na “justiça divina” e no despertar do povo brasileiro.

"A grande pauta de 2026 será segurança pública"

Silas Malafaia

Entrelinhas: Como o senhor enxerga o conflito envolvendo nomes da direita em SC e uma possível candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado?

Silas Malafaia: Eu não sou de Santa Catarina, então não estou profundamente envolvido nessa questão. Sei da ideia do Carlos, filho do Bolsonaro, de ser candidato lá, e sei também que a deputada Ana Campagnolo é um nome fortíssimo, uma mulher extraordinária. Agora, sinceramente, não sei se estrategicamente é uma boa levar o Carlos pra ser candidato a senador por Santa Catarina. Tenho dúvidas. Gosto muito dele, sou amigo da família Bolsonaro, mas não tenho convicção de que seja o melhor movimento político.

Entrelinhas: O senhor tem comentado sobre a operação da polícia nas comunidades do Rio de Janeiro. Como avalia essa ação e as críticas que ela recebeu de autoridades do governo federal?

Silas Malafaia: Temos que fazer uma análise fria, sem paixão política. Em qualquer lugar do mundo democrático, se alguém puxa uma arma pra polícia, vai morrer. Nos Estados Unidos é assim. Aqui, estamos falando de organizações criminosas com armas de uso exclusivo das Forças Armadas, drones que lançam bombas sobre policiais. E aí vem Lula e Lewandowski falarem em matança… Matança de quem? De narcoterrorista! O povo que mora nas favelas apoia essas ações, porque vive sob o domínio desses grupos. O Estado não pode se ajoelhar diante do crime.

Entrelinhas: Uma advogada ligada ao Comando Vermelho pediu que o STF incluísse o governador Cláudio Castro no inquérito do “golpe de Estado”. O senhor vê isso como parte de uma desconexão das instituições com a realidade?

Silas Malafaia: Exatamente. Essas autoridades estão completamente desconectadas da realidade do povo. Nós estamos falando de narcoterrorismo, do crime organizado. E o Supremo vem questionar uma operação policial? O papel do STF é julgar constitucionalidade, não interferir em ações de segurança pública. É uma vergonha o que está acontecendo. As leis estão sendo rasgadas por quem devia defendê-las.

Entrelinhas: E o impacto político dessa operação? Isso pode influenciar as eleições do ano que vem?

Silas Malafaia: Sem dúvida. O governador Cláudio Castro ganhou mais de 1,5 milhão de seguidores durante a operação — o povo aprovou. A grande pauta de 2026 será segurança pública, e a esquerda não tem o que mostrar. Historicamente, foi a esquerda que ensinou bandido a se organizar nos presídios durante a ditadura militar. Eles nunca conseguiram combater o crime, está no DNA deles proteger marginais.

Entrelinhas: O governo Lula apresentou um projeto “anti-facção”, que entre outras coisas permite visitas íntimas a líderes de facções. Qual é a sua avaliação sobre isso?

Silas Malafaia: Isso é uma vergonha! Dar acesso de informação a chefes do crime de dentro das cadeias? Meu Deus, que país é esse? E a grande imprensa, calada. Recebe bilhões do governo e não denuncia nada. É um conluio. E enquanto isso, o governo se recusa a classificar o PCC e o Comando Vermelho como organizações terroristas, porque não quer assumir o combate federal ao narcoterrorismo.

Entrelinhas: Como o senhor tem sentido pessoalmente a perseguição política?

Silas Malafaia: Eu sou pastor, não sou candidato a nada, e mesmo assim tive meu passaporte, celular e até meus cadernos teológicos apreendidos. Isso é perseguição pura. Querem calar uma voz que representa milhões de evangélicos. Mas eu não me calo. Acredito na justiça divina. Se a justiça dos homens falhar, Deus vai agir. Existem milhões de pessoas orando pelo Brasil — algo vai acontecer, cedo ou tarde.

Entrelinhas: Há um sentimento de desânimo entre conservadores e evangélicos diante do cenário político e das ações do STF. O senhor acredita que isso pode mudar até 2026?

Silas Malafaia: Vai chegar a hora em que o povo vai ter que decidir o que quer. Se quer continuar com esse sistema mentiroso e perseguidor, ou se vai dar um basta. Eu temo uma revolta popular, e não desejo isso, mas o povo precisa acordar. Se não houver reação, o país vai mergulhar num caos social. É hora de votar com consciência, especialmente pro Senado, pra frear os abusos de poder.

Entrelinhas: Lula tem tentado se aproximar dos evangélicos novamente, especialmente por ser um público que compõe quase 30% da população brasileira. O senhor acredita que isso vai funcionar?

Silas Malafaia: Ele está tentando, mas não vai dar. Lula mesmo declarou, no Foro de São Paulo, que combate “costumes, família e pátria” — princípios sagrados para a fé evangélica. Isso não é tiro no pé, é tiro na cabeça. Na eleição passada ele enganou com uma carta dizendo ser contra o aborto, e logo depois tirou o Brasil do pacto das nações antiaborto. Não vai enganar o povo de novo. Os evangélicos são o grupo mais ativo nas redes e nas igrejas. Estamos atentos.

Entrelinhas: Por fim, Lula deve indicar Jorge Messias para o STF. A imprensa tem destacado o fato de ele ser evangélico. O senhor vê isso como tentativa de conquistar o público religioso?

Silas Malafaia: Sem dúvida. O Messias é evangélico, membro da Igreja Batista, mas é um esquerdopata. Está anos-luz distante do que a fé cristã ensina. Eles usam isso pra tentar mostrar que Lula não é contra os evangélicos, mas nós sabemos distinguir. Ser evangélico não é estar em igreja, é viver princípios.

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