Mangalarga Marchador, símbolo da cultura equestre brasileira, movimenta bilhões e conquista espaço em exposições, cavalgadas e mercados internacionais.
O Mangalarga Marchador, símbolo da cultura equestre brasileira, movimenta bilhões e conquista espaço em exposições, cavalgadas e mercados internacionais. (Foto: Johnny Duarte/Acervo Abccmm)

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O Mangalarga Marchador consolidou-se como patrimônio do agronegócio brasileiro. Com 780 mil animais registrados, a raça brasileira de cavalos movimenta R$ 9 bilhões por ano e avança no mercado internacional.

De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (Abccmm), a raça nasceu há mais de dois séculos na Comarca do Rio das Mortes, no sul de Minas. Ali, criadores cruzaram cavalos da raça Alter, trazidos de Portugal por Dom João VI em 1808, com animais locais. O resultado foi um cavalo elegante, dócil e resistente, ideal para longas cavalgadas.

O nome Mangalarga veio de uma fazenda do Rio de Janeiro que comprava animais mineiros. Já o termo Marchador surgiu porque alguns dos cavalos tinham a função de marchar, em vez de trotar.

“Vejo o Mangalarga Marchador em constante evolução, consolidado como um verdadeiro patrimônio do agro brasileiro. A raça vive um momento de verdadeiro fomento, refletido no aumento dos eventos, na força do esporte e na valorização de toda a cadeia produtiva", afirma a presidente da Abccmm, Cristiana Gutierrez.

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Raça brasileira de cavalos movimenta o agronegócio em exposição e feiras

Em 2019, o Congresso reconheceu oficialmente o Mangalarga Marchador como patrimônio cultural equestre do Brasil. Desde então, a raça reforça seu papel na cultura nacional. Presente em cavalgadas, festas populares e exposições, ela conecta tradição, esporte e economia.

Além disso, sua marcha confortável e o temperamento dócil atraem tanto pequenos criadores quanto investidores do agronegócio. Em 1949, criadores de cavalos uniram esforços para fundar a Abccmm. A entidade civil, sem fins lucrativos, nasceu para atender à crescente demanda do setor e foi credenciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Desde então, atua como um cartório da raça, responsável pelo registro oficial dos animais Mangalarga Marchador. A Abccmm reúne 27.322 associados e movimenta o país com cerca de 650 eventos anuais — entre leilões, exposições, copas de marcha e provas esportivas. Essas ações são organizadas por meio dos 57 núcleos regionais espalhados pelo Brasil, fortalecendo a presença da raça em todo o território nacional.

A Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, maior evento do mundo dedicado a uma única raça, reforça esse impacto. Em sua 42ª edição, entre julho e agosto deste ano, o evento reuniu 180 mil visitantes em Belo Horizonte (MG). As premiações ultrapassaram R$ 1 milhão.

Criado em Minas Gerais, o Mangalarga Marchador alia marcha confortável, docilidade e tradição, consolidando-se como ícone do agronegócio e do lazer rural.Criado em Minas Gerais, o Mangalarga Marchador alia marcha confortável, docilidade e tradição, consolidando-se como ícone do agronegócio e do lazer rural. (Foto: Johnny Duarte/Abccmm)

Mangalarga Marchador ganha espaço em haras no exterior

O futuro do Mangalarga Marchador aponta para a globalização. Núcleos de criadores atuam nos Estados Unidos e na Europa, ampliando a presença brasileira em mercados estratégicos. Para isso, o setor investe em genética, tecnologia e profissionalização. Dessa forma, busca equilibrar tradição e inovação sem perder a identidade original.

No cenário global, o Brasil detém o quarto maior rebanho equino do mundo — atrás de Estados Unidos, México e China. Segundo dados preliminares do Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo, conduzido pelo professor Roberto Arruda, da Esalq/USP, o país possui 5,5 milhões de equinos e movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano.

Desse total, 31% vêm do Mangalarga Marchador, responsável por R$ 9,3 bilhões, consolidando-se como o grande motor da equinocultura nacional. Como origem da raça, Minas Gerais lidera o ranking nacional com 319.313 exemplares, quase metade de todos os integrantes da raça do Brasil. O estado mantém, assim, o protagonismo na criação e na preservação genética da linhagem.

A região Sudeste concentra a maior parte desses cavalos, com 555.948 exemplares. Essa predominância revela o peso histórico e econômico da raça nas fazendas e haras da região.

Logo em seguida, o Nordeste ocupa a segunda posição, com 152.527 animais. O crescimento do plantel na região mostra a expansão do Mangalarga Marchador para além de seu berço mineiro.

Para garantir saúde e bem-estar, os cavalos devem permanecer soltos ao menos quatro horas por dia em espaços amplos e sombreados.Para saúde e bem-estar, os cavalos devem permanecer soltos ao menos quatro horas por dia em espaços amplos e sombreados. (Foto: Felipe Sodré/Haras Cisplatina)

Estimativa de valores dos cavalos Mangalarga Marchador

  • Potro ou cavalo adulto sem registro: R$ 4.000 a R$ 7.000
  • Potro com registro: R$ 15.000 a R$ 50.000
  • Adulto treinado para cavalgada: R$ 15.000 a R$ 30.000
  • Campeão regional de marcha: R$ 70.000 a R$ 150.000
  • Reprodutor campeão nacional: R$ 500.000 a R$ 10.000.000
  • Égua campeã nacional: R$ 500.000,00 a 5.000.000,00
    Cavalos com pelagens raras (como tordilho ou alazão) podem custar 10-20% a mais

    Fonte: Haras Cisplatina

Cuidados para a criação da raça brasileira de cavalos

  • Espaço: os cavalos precisam de espaço amplo para se desenvolverem com saúde. O ideal é deixá-los soltos, ao menos, quatro horas por dia em piquetes sombreados. Além disso, as baias devem ter 12 m², ser limpas, arejadas e contar com camas fartas e confortáveis. Assim, o Mangalarga Marchador mantém o bem-estar e o equilíbrio físico.
  • Nutrição: o Mangalarga Marchador se alimenta bem com forragens adequadas e água à vontade. No entanto, é importante evitar excessos de concentrados. A suplementação deve ocorrer apenas com orientação técnica, respeitando as necessidades de cada categoria. Dessa forma, o criador propicia nutrição equilibrada e desempenho constante.
  • Saúde: veterinários especializados garantem o bem-estar dos equinos. Embora o Mangalarga Marchador seja rústico e resistente, precisa de cuidados regulares. É essencial seguir o calendário de vacinação, vermifugação e controle de parasitas. Além disso, exames periódicos de Mormo e AIE previnem doenças e asseguram longevidade.
  • Doma e equitação: a doma deve ser leve e sem violência. O cavalo aprende melhor quando se sente seguro e confiante. A equitação começa apenas após os 36 meses, com uso de buçal ou bridões leves. Assim, o Mangalarga Marchador desenvolve confiança e mantém sua docilidade natural.

    Fonte: Haras Cisplatina

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