PL Antifacção deve ser adiado novamente por falta de consenso
Votação, prevista inicialmente para ocorrer nesta semana, foi mais uma vez adiada, desta vez para a próxima terça-feira (21)
O Projeto de Lei Antifacção deverá ser adiado novamente por falta de consenso entre governo e oposição. A votação, prevista inicialmente para ocorrer nesta semana, foi mais uma vez adiada, desta vez para a próxima terça-feira (21). A decisão ocorreu em meio a divergências sobre o conteúdo do relatório e a pressão política de diferentes grupos.
O impasse começou com a escolha do deputado Guilherme Derrite (PL-SP) para relatar o projeto. A nomeação gerou críticas por parte da base governista, que, liderada pelo Palácio do Planalto, considerou o deputado alinhado com a oposição. A situação ficou ainda mais tensa quando Derrite apresentou a primeira versão de seu relatório, que retirava a autonomia da Polícia Federal nas investigações nos estados, condicionando a atuação da corporação à autorização dos governadores.
Após intensas negociações, Derrite chegou à quarta versão do relatório, que ainda contempla algumas das demandas do governo, mas não conseguiu resolver as divergências. A falta de um entendimento claro sobre o projeto gerou a pressão de governadores, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro), que pediram mais tempo para discutir o texto. Os líderes partidários também concordam que o projeto necessita de mais debate antes de ser colocado em votação.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), tem tentado equilibrar os interesses da oposição e do governo, mas enfrenta dificuldades para encontrar um consenso. Mota chegou a sugerir que o projeto fosse discutido por uma comissão especial, mas a pressão por uma resposta rápida levou à tentativa de levar o PL diretamente ao plenário.
A principal crítica ao processo é a forma como a relatoria foi conduzida. Para muitos, a escolha de um deputado da oposição para relatar um projeto que tem apoio do governo federal foi um erro estratégico. O deputado Tony de Paula (MDB-RJ) destacou que a polarização gerada por essa decisão complicou ainda mais a tramitação do projeto. Para ele, o projeto já nasceu com um problema ao tentar retirar a Polícia Federal da investigação de facções criminosas.
A proposta de transformar facções criminosas em grupos terroristas também está gerando controvérsia. O deputado de Paula alertou que essa mudança de nomenclatura pode parecer uma solução simples, mas acredita que, na prática, poderá prejudicar mais do que resolver a questão da segurança pública.
Com a votação adiada, a expectativa agora é saber se haverá tempo suficiente para que um consenso seja alcançado até terça-feira. Apesar das negociações, ainda não há um entendimento claro sobre o texto, e a pressão política sobre o presidente da Câmara para que a votação aconteça continua crescente.
O PL Antifacção, que visa combater facções criminosas no país, se tornou um tema central nas discussões de segurança pública e poderá ser um divisor de águas para o futuro da política de segurança no Brasil. Contudo, é evidente que, sem um acordo sólido entre os diferentes grupos, o projeto continuará sendo um dos maiores desafios para a Câmara dos Deputados neste fim de ano.

