PL Antifacção deve ser adiado novamente por falta de consenso

Votação, prevista inicialmente para ocorrer nesta semana, foi mais uma vez adiada, desta vez para a próxima terça-feira (21)

  • Por Jovem Pan
  • 16/11/2025 11h16
Marcelo Estevão/Thenews2/Estadão Conteúdo O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, participa do Simpósio Nacional de Segurança Pública, na sede da ACSP, na Rua Boa Vista, no centro de São Paulo Deputado Guilherme Derrite (PL-SP) para relatar o projeto Antifacção

O Projeto de Lei Antifacção deverá ser adiado novamente por falta de consenso entre governo e oposição. A votação, prevista inicialmente para ocorrer nesta semana, foi mais uma vez adiada, desta vez para a próxima terça-feira (21). A decisão ocorreu em meio a divergências sobre o conteúdo do relatório e a pressão política de diferentes grupos.

O impasse começou com a escolha do deputado Guilherme Derrite (PL-SP) para relatar o projeto. A nomeação gerou críticas por parte da base governista, que, liderada pelo Palácio do Planalto, considerou o deputado alinhado com a oposição. A situação ficou ainda mais tensa quando Derrite apresentou a primeira versão de seu relatório, que retirava a autonomia da Polícia Federal nas investigações nos estados, condicionando a atuação da corporação à autorização dos governadores.

Após intensas negociações, Derrite chegou à quarta versão do relatório, que ainda contempla algumas das demandas do governo, mas não conseguiu resolver as divergências. A falta de um entendimento claro sobre o projeto gerou a pressão de governadores, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro), que pediram mais tempo para discutir o texto. Os líderes partidários também concordam que o projeto necessita de mais debate antes de ser colocado em votação.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), tem tentado equilibrar os interesses da oposição e do governo, mas enfrenta dificuldades para encontrar um consenso. Mota chegou a sugerir que o projeto fosse discutido por uma comissão especial, mas a pressão por uma resposta rápida levou à tentativa de levar o PL diretamente ao plenário.

A principal crítica ao processo é a forma como a relatoria foi conduzida. Para muitos, a escolha de um deputado da oposição para relatar um projeto que tem apoio do governo federal foi um erro estratégico. O deputado Tony de Paula (MDB-RJ) destacou que a polarização gerada por essa decisão complicou ainda mais a tramitação do projeto. Para ele, o projeto já nasceu com um problema ao tentar retirar a Polícia Federal da investigação de facções criminosas.

A proposta de transformar facções criminosas em grupos terroristas também está gerando controvérsia. O deputado de Paula alertou que essa mudança de nomenclatura pode parecer uma solução simples, mas acredita que, na prática, poderá prejudicar mais do que resolver a questão da segurança pública.

Com a votação adiada, a expectativa agora é saber se haverá tempo suficiente para que um consenso seja alcançado até terça-feira. Apesar das negociações, ainda não há um entendimento claro sobre o texto, e a pressão política sobre o presidente da Câmara para que a votação aconteça continua crescente.

O PL Antifacção, que visa combater facções criminosas no país, se tornou um tema central nas discussões de segurança pública e poderá ser um divisor de águas para o futuro da política de segurança no Brasil. Contudo, é evidente que, sem um acordo sólido entre os diferentes grupos, o projeto continuará sendo um dos maiores desafios para a Câmara dos Deputados neste fim de ano.